quinta-feira, 12 de maio de 2011

Alego desiste de comprar pizzas

A Assembleia Legislativa de Goiás informou ontem que cancelou a licitação para compra de pizzas, que serviriam para alimentar deputados e servidores em sessões extras na Casa. A decisão foi tomada logo depois que o presidente Jardel Sebba (PSDB) foi procurado pelo portal UOL para dar explicações sobre o pregão. Antes disso, o caso já havia repercutido negativamente no Twitter.
O aviso da licitação foi divulgado no Diário Oficial do Estado em 25 de abril, com o edital disponível no site da Assembleia Legislativa. O documento estabelecia a compra de nove tipos de pizzas (atum, calabresa, frango catupiry, lombinho, à moda, frango, banana, presunto e muçarela), ao valor previsto de R$ 33,83 cada, em total de 1,2 mil unidades. Valor global estimado: R$ 40.596,00. O edital (leia aqui) é ainda mais detalhado: as pizzas deveriam ter 0,35 cm de diâmetro, pesar aproximadamente 1 quilo e vir acompanhadas de um refrigerante "de primeira qualidade (Coca Cola, Guaraná Antarctica ou similares)".
A licitação ocorreu no dia 6 e apenas uma empresa apareceu: Dom Pedrito´s, localizada no Setor Negrão de Lima. O preço apresentado foi o mesmo da previsão do edital e a pizzaria foi declarada vencedora do pregão.
No dia 8, com a repercussão na internet e notinhas em jornais, Jardel reclamou com o diretor-geral da Assembleia, Milton Campos, sobre a compra. "Por que não escolheram sanduíches ou outra coisa? Tinha que ser pizza?", questionou.
Milton disse ao blog que já havia contrato anterior de compra de pizza e que o produto é mais apropriado para servir cerca de cem pessoas que permanecem na Casa quando há sessões extras. "Imagina fazer sanduíche de última hora pra esse tanto de gente? Pizza é mais prático", explicou. Na ocasião, o diretor-geral afirmou que já havia sido assinado o contrato com a Dom Pedrito´s.
Pois ontem, a Assembleia desistiu da aquisição e enviou à repórter do UOL a seguinte nota:

"A Assembleia Legislativa do Estado de Goiás informa que, por conta da inexistência de demanda, vai anular o processo de licitação por tomada de preço para aquisição de pizzas. As pizzas serviriam para a alimentação de servidores e deputados que trabalhassem em sessões que se estendessem após as 22 horas. Desde que o atual Regimento Interno entrou em vigor, em 2007, instituindo o interstício de 24 horas entre a primeira e a segunda votação das matérias, as longas sessões extraordinárias deixaram de ser rotina na Casa. Em 2009, por exemplo, embora houvesse previsão orçamentária, não houve qualquer gasto com alimentação para servidores e deputados. Diante desse fato, ficou decidido, no início da atual gestão, que não seriam mais realizadas licitações por tomada de preço para fornecimento de pizzas. Por um erro técnico, o certame acabou sendo realizado."

Milton disse hoje pela manhã que houve problema de comunicação. "O presidente havia entendido que era lanche, e não pizza. Apuramos que no ano passado, houve gasto de apenas R$ 721,55 com pizza porque houve poucas sessões à noite. E, diante de tantos questionamentos, o presidente achou por bem cancelar", afirmou ao blog. "Estamos em maio e ainda não tivemos sessões que extrapolem o horário das 22 horas. Então realmente não era necessário", completou.
Ele corrigiu a informação de que houve assinatura de contrato, dizendo que ocorreu apenas a ata do registro de preços. O diretor afirma que consultou o departamento jurídico da Assembleia e que não há possibilidade de ação por parte da pizzaria, já que não houve fornecimento. "Não há prejuízo", afirmou.
E se acontecerem sessões à noite? "Temos um limite financeiro que pode ser utilizado em situação emergencial, mas não há perspectiva de que isso aconteça", afirmou.

Na história
Em 2007, o Ministério Público e a Polícia Civil de Goiás instauraram inquéritos para apurar irregularidades em contratos da Assembleia Legislativa, incluindo o gasto de R$ 44 mil com pizzas. As despesas foram feitas entre 2005 e 2006, na gestão de Samuel Almeida (PSDB). Com o valor, a Casa conseguiria comprar 28 pizzas por semana, ao valor de 15 reais, apurados à época.
Gastos com funcionários, diárias e outros contratos também foram investigados. Na ocasião, Samuel Almeida convocou coletiva e acusou a imprensa de também comer as pizzas quando havia sessões extras. O tucano disputou a eleição para deputado federal no ano passado e perdeu, alcançando 32.261 votos.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Câmara de Anápolis faz minuto de silêncio pela morte de Bin Laden

A Câmara de Anápolis fez hoje minuto de silêncio pela morte de Osama Bin Laden. Autor da proposta, o vereador Valmir Jacinto (foto) foi à tribuna para pedir a deferência dos colegas em homenagem a dois anapolinos mortos recentemente, o empresário Deocleciano Moreira e o radialista Célio Borges, e emendou com o líder terrorista.
Depois da repercussão negativa, Valmir disse ao blog que, no caso de Bin Laden, o pedido do minuto de silêncio foi de comemoração. "Foi um misto de sentimentos. De um lado, a tristeza pela perda dos nossos conterrâneos, pela dor das famílias, e de outro, de grande alegria porque mataram um homem que promoveu o mal no mundo, que levou tristeza a milhares de famílias. A morte dele trouxe a paz mundial, acaba com aquela instabilidade depois de dez anos. Ele (Bin Laden) achava que era intocável, né?", disse.
A explicação, porém, não fez parte do pedido na tribuna. Colegas de Valmir relatam inclusive que ele falou em "companheiro Osama". O vereador nega. "Não deu tempo de explicar porque é muito rápido, mas eu quis dizer que o sentimento é de comemoração. Eu não faço pactuação com terrorismo, não", afirmou.
Na versão do presidente da Casa, Amilton Batista (PTB), e de colegas, Valmir pediu o minuto de silêncio primeiramente para os dois anapolinos e todos levantaram imediatamente. Quando o vereador republicano acrescentou Osama, já estavam todos levantados para a homenagem e mantiveram o minuto de silêncio.
O vereador tucano Fernando Cunha Neto disse que os vereadores repudiam a atitude de Valmir e que foi solicitada a retirada da "homenagem" da ata da sessão.
Foto: Site da Câmara de Anápolis