Subeditor de Economia do Correio Braziliense, o jornalista Márcio Pacelli publicou artigo ontem em que critica duramente a operação em favor da Celg. Com o título "Escárnio eleitoral", o artigo condena a atitude do presidente Lula em dar aval à negociação a 18 dias das eleições e o apoio do governador Alcides Rodrigues (PP) ao candidato Iris Rezende (PMDB) no dia seguinte. Fora a questão do toma-lá-dá-cá, já abordada por aqui, o que me chamou atenção foi a opinião de Claudio Sales, presidente do Instituto Acende Brasil e que sempre acompanhou atentamente as negociações, sobre a suposta blindagem da companhia após o acerto financeiro. O colunista acrescenta informações sobre empresas já geridas pela Eletrobras. Uma preocupação importante para o cidadão goiano. Leia abaixo:
"Para Claudio Sales, presidente do Instituto Acende Brasil, o governo fez a pior escolha. Decidiu tratar apenas o sintoma, ignorando mais uma vez as causas da doença. A seu ver, a proposta tenta tapar o buraco financeiro da Celg sem olhar para as debilidades de gestão e para o uso político da empresa, verdadeiras causas do flagelo da estatal há décadas. 'É como se um paramédico recorresse à transfusão para salvar uma pessoa sem suturar a artéria aberta por onde o sangue se esvai', compara.
Do empréstimo concedido, cerca de R$ 1,7 bilhão serão usados para quitar dívidas do governo local com a Celg e
R$ 2 bilhões serão despejados no capital da estatal. Com os recursos, a companhia poderá quitar dívidas de tributos e encargos setoriais, recuperando o direito de reajustar suas tarifas. A Eletrobras injetará outros R$ 140 milhões na distribuidora, elevando a participação federal na empresa goiana a 6%.
Mas a operação de salvamento da Celg padece dos mesmos vícios que levaram à grave situação financeira da estatal, hoje com uma dívida estimada em quase R$ 6 bilhões. 'O que falta é uma gestão competente e profissional, blindada de usos políticos', aponta Sales. Alguns poderão argumentar que a entrada da Eletrobras na diretoria da estatal goiana terá exatamente o objetivo de sanar esse tipo de falha. O argumento seria verdadeiro se a empresa federal não fosse vítima de problema idêntico.
Legado duvidoso
O desempenho das distribuidoras de energia elétrica administradas pela Eletrobras revela que o Estado não tem muito a oferecer em termos de gestão. Todas as companhias federalizadas — Amazonas Energia, Ceron, Eletroacre, Ceal, Cepisa e Boa Vista — estão entre as que apresentam o pior desempenho no setor elétrico. Seus custos operacionais superam em 36% o valor estabelecido como razoável pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A rentabilidade dessas empresas figura entre as mais baixas do país.
'Com esse histórico, qual seria o legado de excelência gerencial que a Eletrobras aportaria à Celg?', indaga Sales. Em sua visão, a solução eficaz do problema passaria por um processo licitatório que selecionasse uma empresa competente para imprimir um novo padrão administrativo à distribuidora de energia goiana, tão maltratada por políticos."
"Para Claudio Sales, presidente do Instituto Acende Brasil, o governo fez a pior escolha. Decidiu tratar apenas o sintoma, ignorando mais uma vez as causas da doença. A seu ver, a proposta tenta tapar o buraco financeiro da Celg sem olhar para as debilidades de gestão e para o uso político da empresa, verdadeiras causas do flagelo da estatal há décadas. 'É como se um paramédico recorresse à transfusão para salvar uma pessoa sem suturar a artéria aberta por onde o sangue se esvai', compara.
Do empréstimo concedido, cerca de R$ 1,7 bilhão serão usados para quitar dívidas do governo local com a Celg e
R$ 2 bilhões serão despejados no capital da estatal. Com os recursos, a companhia poderá quitar dívidas de tributos e encargos setoriais, recuperando o direito de reajustar suas tarifas. A Eletrobras injetará outros R$ 140 milhões na distribuidora, elevando a participação federal na empresa goiana a 6%.
Mas a operação de salvamento da Celg padece dos mesmos vícios que levaram à grave situação financeira da estatal, hoje com uma dívida estimada em quase R$ 6 bilhões. 'O que falta é uma gestão competente e profissional, blindada de usos políticos', aponta Sales. Alguns poderão argumentar que a entrada da Eletrobras na diretoria da estatal goiana terá exatamente o objetivo de sanar esse tipo de falha. O argumento seria verdadeiro se a empresa federal não fosse vítima de problema idêntico.
Legado duvidoso
O desempenho das distribuidoras de energia elétrica administradas pela Eletrobras revela que o Estado não tem muito a oferecer em termos de gestão. Todas as companhias federalizadas — Amazonas Energia, Ceron, Eletroacre, Ceal, Cepisa e Boa Vista — estão entre as que apresentam o pior desempenho no setor elétrico. Seus custos operacionais superam em 36% o valor estabelecido como razoável pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A rentabilidade dessas empresas figura entre as mais baixas do país.
'Com esse histórico, qual seria o legado de excelência gerencial que a Eletrobras aportaria à Celg?', indaga Sales. Em sua visão, a solução eficaz do problema passaria por um processo licitatório que selecionasse uma empresa competente para imprimir um novo padrão administrativo à distribuidora de energia goiana, tão maltratada por políticos."
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